Sistema endocanabinóide: se todos nascem com ele, como o corpo responde ao CBD e THC?

Ana Júlia Kiss, fundadora e CEO da Humora e a médica Jéssica Durand explicam os efeitos e benefícios desses dois compostos da cannabis para a saúde


 

Nos últimos anos, cada vez mais pessoas começaram a busca por tratamentos alternativos e naturais, sem os efeitos colaterais frequentemente associados aos medicamentos convencionais, principalmente para condições permanentes e longevas, como insônia, ansiedade, depressão e dores crônicas provenientes de doenças sem cura, como reumatismo, por exemplo. Dentro desse cenário, os compostos da cannabis surgem como uma alternativa eficaz, principalmente no Brasil, onde mais de 600 mil pacientes já utilizam produtos do segmento em seus tratamentos, segundo dados da consultoria Kaya Mind.


 

Quando falamos de cannabis medicinal, estamos considerando várias substâncias distintas. As mais conhecidas são o canabidiol (CBD) e o tetraidrocanabinol (THC), mas muitas pessoas ainda não entendem suas diferenças e seus efeitos terapêuticos ao interagirem com o sistema endocanabinóide, que opera independentemente da cannabis no corpo humano” comenta Ana Julia Kiss, fundadora e CEO da Humora, startup que combina produtos à base de cannabis e fitoterápicos para bem-estar.


 

O sistema endocanabinóide (SEC) é encontrado em todos os mamíferos e é responsável por regular as funções do corpo humano a nível celular. Ele funciona como um “sistema de comunicação” que ajuda o corpo a manter o equilíbrio em várias funções, como o humor, o sono, o apetite e até a dor. O corpo responde ao CBD e ao THC por meio desse sistema, que é composto por três partes principais: os receptores canabinóides; os endocanabinóides (substâncias produzidas pelo próprio organismo); e as enzimas, que decompõem esses compostos.


 

Os principais receptores são o CB1 e o CB2. Eles atuam como ‘fechaduras’, enquanto os canabinóides funcionam como ‘chaves’ que, ao se ligarem a esses receptores, desencadeiam reações biológicas”, explica a Dra. Jéssica Durand (CRM: 206096-SP), médica prescritora de cannabis. “Essas interações variam dependendo do receptor ativado, o que permite usos específicos tanto do THC quanto do CBD para diferentes necessidades de saúde”, complementa.


 

Mas, na prática, como explicar o efeito da cannabis no corpo humano? Começando pelo THC: ele é a parte da cannabis que causa a “alta” — aquela sensação de euforia e relaxamento que muitas pessoas sentem. Isso acontece porque o composto se conecta a áreas do cérebro que têm relação com o humor, apetite e até a forma como as coisas ao redor são percebidas. Além disso, também age em partes do corpo ligadas ao sistema de defesa (imunológico), ajudando a diminuir inflamações e a aliviar dores.


 

Já o CBD é diferente: trabalha de forma mais sutil, ligando-se a outras partes do cérebro, como os receptores de serotonina, que regulam também o humor e bem-estar. Por isso, é ótimo para quem quer relaxar ou aliviar a ansiedade. A substância também é conhecida por ajudar em casos de convulsões e a reduzir dores e inflamações, como em problemas crônicos, como no caso da fibromialgia.


 

"Os produtos de cannabis tem mostrado resultados promissores em ajudar a mente a relaxar sem os efeitos psicoativos que muitos associam ao seu uso recreativo. O canabidiol possui propriedades anti-inflamatórias e neuroprotetoras que podem ajudar a mitigar os efeitos do estresse crônico, protegendo o cérebro e melhorando a resiliência ao estresse, por exemplo, enquanto o tetraidrocanabinol, em doses controladas, atua diretamente no alívio da dor, sendo muito útil para quem sofre de condições crônicas que afetam a qualidade de vida" finaliza a Dra. Durand.


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