Brasil tem mais de 14 milhões de pessoas com deficiência

Dados do IBGE reforçam a urgência de políticas públicas
de inclusão social e direitos humanos, alerta o Defensor Público André Naves
O Brasil tem hoje 14,4 milhões de pessoas com deficiência,
segundo dados preliminares do Censo 2022 divulgados pelo IBGE. O número
representa 6,7% da população e acende um alerta sobre a necessidade de
fortalecer as políticas públicas, a inclusão social e a garantia de direitos
fundamentais para essa parcela da sociedade.
Para o Defensor Público Federal André Naves, especialista em Direitos Humanos,
Inclusão Social e Economia Política, os dados são contundentes: “A inclusão não
é uma pauta periférica. É um pilar da justiça social e do desenvolvimento
econômico sustentável. Sem políticas públicas efetivas, mantemos milhões de
brasileiros à margem”, afirma.
Entre os dados revelados, destaca-se que a deficiência
visual é a mais comum (3,4%), seguida da deficiência motora (2,2%). O impacto é
ainda mais expressivo entre os idosos: 19,8% das pessoas com 60 anos ou mais
possuem algum tipo de deficiência. Além disso, a desigualdade de gênero é
evidente — 8,4% das mulheres têm deficiência, contra 4,7% dos homens.
“Transformar estatísticas em políticas públicas baseadas em evidências é dever
do Estado. Precisamos ampliar ações em acessibilidade, educação inclusiva, saúde,
trabalho e combate à desigualdade estrutural”, enfatiza André Naves.
Os dados do Censo 2022 reforçam a necessidade de um
compromisso social sério, especialmente em um país onde o envelhecimento
populacional tende a aumentar a prevalência de pessoas com deficiência. A
Defensoria Pública da União segue atuando para que esses cidadãos tenham seus
direitos plenamente garantidos.
Dados de destaque do Censo 2022
- Em
2022, entre as 198,3 milhões de brasileiros com dois anos ou mais, 14,4
milhões (ou 7,3%) eram pessoas com deficiência. O número de mulheres com
deficiência (8,3 milhões) superava o de homens nessa condição (6,1
milhões).
- Enquanto
apenas 2,2% da população de 2 a 14 anos tinham algum tipo de deficiência,
na faixa dos 15 aos 59 anos esse percentual subiu para 5,4% e chegou a
27,5% entre as pessoas com 70 anos ou mais.
- Entre
as 14,4 milhões de pessoas com deficiência no país, 7,9 milhões tinham
dificuldade de enxergar. Em seguida, vinha a dificuldade para andar ou
subir degraus (5,2 milhões de pessoas), para pegar pequenos objetos ou
abrir e fechar tampas (2,7 milhões) e para ouvir (2,6 milhões).
- No
Brasil, 2% da população com 2 anos de idade, ou mais, tinham duas ou mais
dificuldades funcionais.
- Em
16% dos domicílios recenseados, havia pelo menos um morador com
deficiência. O Nordeste apresentou o maior percentual (19,5%), seguido por
Norte (17,8%), Sudeste (14,7%), Centro-Oeste (14,3%) e Sul (14,1%).
- Em
2022, entre as pessoas com 15 anos, ou mais, com deficiência, 2,9 milhões
eram analfabetas. Isso corresponde a uma taxa de analfabetismo de 21,3%,
ou quatro vezes a taxa de analfabetismo das pessoas sem deficiência
(5,2%).
- No
Brasil, 63,1% das pessoas com 25 anos, ou mais, com deficiência, não
tinham instrução ou não haviam completado o ensino fundamental. Entre as
pessoas sem deficiência, essa proporção era quase a metade (32,3%).
- Em
2022, apenas 7,4% das pessoas com deficiência haviam concluído o ensino
superior, contra 19,5% das pessoas sem deficiência.